No sistema imunitário do doente com esclerose múltipla, alguns linfócitos são autoreativos e promovem a inflamação do sistema nervoso central1-4.
Advém do grego, em que o prefixo "apo" significa "separação" e o sufixo "ptose" se traduz para "queda", sendo geralmente conhecida como a queda das folhas das árvores8.
O tratamento com MAVENCLAD® promove uma depleção dos linfócitos por apoptose. Esta depleção é parcial e é transitória9,10 (ocorre durante os primeiros 2 meses após o inicio do tratamento11).
O tratamento com MAVENCLAD® não é de imunossupressão contínua, ocorrendo a reconstituição de linfócitos B e T após a sua depleção9,10. Nos estudos clínicos, as contagens linfocitárias medianas voltaram ao intervalo de valores normais no final de cada ano de tratamento12.
O mecanismo de ação proposto de MAVENCLAD® promove a repopulação das células linfocitárias após a sua depleção, contribuindo para a estabilização da doença através da terapia de reconstituição imunológica10,15
Informações essenciais compatíveis com o RCM
MAVENCLAD 10 mg comprimidos. Cada comprimido contém 10 mg de cladribina. Indicações terapêuticas MAVENCLAD é indicado para o tratamento de doentes adultos com esclerose múltipla (EM) com surtos muito ativa, conforme definida por características clínicas ou imagiológicas. Posologia e modo de administração A dose cumulativa recomendada é de 3,5 mg/kg de peso corporal durante 2 anos, administrada como 1 ciclo de tratamento de 1,75 mg/kg por ano. Cada ciclo de tratamento consiste em 2 semanas de tratamento, uma no início do primeiro mês e outra no início do segundo mês do respetivo ano de tratamento. Se for clinicamente necessário (p. ex., para recuperação dos linfócitos), o ciclo de tratamento no ano 2 pode ser adiado até um máximo de 6 meses. Cada semana de tratamento consiste em 4 ou 5 dias nos quais o doente recebe 10 mg ou 20 mg (um ou dois comprimidos) como dose única diária, em função do peso corporal. Após conclusão dos 2 ciclos de tratamento, não são necessários mais tratamentos com cladribina nos anos 3 e 4. O reinício da terapêutica após o ano 4 não foi estudado. Utilização concomitante de outros medicamentos orais: recomenda-se que a administração de qualquer outro medicamento por via oral seja separada da administração de MAVENCLAD por um intervalo de, pelo menos, 3 horas durante o número limitado de dias de administração da cladribina. Compromisso renal: em doentes com compromisso renal ligeiro não se considera necessário um ajuste posológico. A segurança e eficácia em doentes com compromisso renal moderado ou grave não foram estabelecidas. Por isso, a cladribina é contraindicada nestes doentes. Compromisso hepático: embora a importância da função hepática na eliminação da cladribina seja considerada insignificante, na ausência de dados, não é necessário um ajuste posológico em doentes com compromisso hepático ligeiro. A utilização de cladribina não é recomendada em doentes com compromisso hepático moderado ou grave Idosos: recomenda-se precaução quando a cladribina é utilizada em doentes idosos, tendo em consideração a frequência potencialmente maior de uma diminuição da função hepática ou renal, de doenças concomitantes e de outras terapêuticas medicamentosas. MAVENCLAD é para administração por via oral. Os comprimidos têm de ser tomados com água, e engolidos sem mastigar. Contraindicações Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes. Infeção com o vírus da imunodeficiência humana (VIH). Infeção crónica ativa (tuberculose ou hepatite). Início do tratamento com cladribina em doentes imunocomprometidos, incluindo doentes a receberem atualmente terapêutica imunossupressora ou mielossupressora. Neoplasia maligna ativa. Compromisso renal moderado ou grave (depuração da creatinina < 60 ml/min). Gravidez e aleitamento. Advertências e precauções especiais de utilização Monitorização hematológica: o modo de ação da cladribina está intimamente ligado a uma redução na contagem de linfócitos, pelo que deverá ser realizada monitorização hematológica periódica. Infeções: a cladribina pode reduzir as defesas imunitárias do corpo e pode aumentar a probabilidade de infeções. Neoplasias malignas: em estudos clínicos, observaram-se mais frequentemente acontecimentos de neoplasias malignas em doentes tratados com cladribina em comparação com doentes que tomaram placebo. MAVENCLAD é contraindicado em doentes com EM com neoplasias malignas ativas. Função hepática: foram notificados casos pouco frequentes de lesões hepáticas, incluindo casos graves, em doentes tratados com MAVENCLAD. Antes de iniciar o tratamento devem ser obtidos os antecedentes clínicos completos do doente relativamente a episódios anteriores de lesão hepática com outros medicamentos ou a perturbações hepáticas subjacentes. Os níveis das aminotransferases séricas, da fosfatase alcalina e da bilirrubina total dos doentes devem ser avaliados antes de iniciar a terapêutica no ano 1 e no ano 2. Durante o tratamento, deve proceder-se à monitorização das enzimas hepáticas e da bilirrubina com base nos sinais e sintomas clínicos. Contraceção: têm de ser utilizados métodos contracetivos eficazes durante o tratamento com cladribina e, pelo menos, durante seis meses após a última dose. Transfusões sanguíneas: em doentes que requerem transfusão sanguínea, recomenda-se a irradiação dos componentes celulares sanguíneos antes da administração para evitar a doença do enxerto contra hospedeiro relacionada com a transfusão. Mudança para o tratamento com cladribina ou deste tratamento para outro: em doentes que foram anteriormente tratados com medicamentos imunomoduladores ou imunossupressores, deve considerar-se o modo de ação e a duração do efeito do outro medicamento antes do início do tratamento. Deve também considerar-se um efeito aditivo potencial sobre o sistema imunitário quando estes medicamentos são utilizados após o tratamento Sorbitol: veve-se ter em consideração o efeito aditivo da administração concomitante de produtos contendo sorbitol (ou frutose) e a ingestão de sorbitol (ou frutose) na dieta. O conteúdo em sorbitol nos medicamentos administrados por via oral pode afetar a biodisponibilidade de outros medicamentos administrados concomitantemente por via oral. Interações medicamentosas e outras formas de interação Este medicamento contém hidroxipropilbetadex, que poderá alterar a biodisponibilidade de outros produtos. Medicamentos que poderão interagir com MAVENCLAD: medicamentos imunossupressores, outros medicamentos modificadores da doença, medicamentos hematotóxicos, vacinas vivas ou vivas atenuadas, inibidores potentes dos transportadores ENT1, CNT3 e BCRP, indutores potentes dos transportadores BCRP e P-gp, contracetivos hormonais. Efeitos indesejáveis As reações adversas clinicamente mais relevantes são linfopenia (25,6%) e Herpes zoster (3,0%). Outros efeitos indesejáveis verificados e respetiva frequência: herpes oral (frequente), diminuição da contagem de neutrófilos (frequente), hipersensibilidade incluindo prurido, urticária, erupção cutânea e casos raros de angioedema (frequente), erupção cutânea (frequente), alopecia (frequente), lesão hepática (pouco frequente), tuberculose (muito raro). Em estudos clínicos e no seguimento a longo prazo de doentes tratados com uma dose cumulativa de 3,5 mg/kg de cladribina oral, observaram-se mais frequentemente acontecimentos de neoplasias malignas em doentes tratados com cladribina em comparação com doentes que tomaram placebo. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO Merck Europe B.V. - Gustav Mahlerplein 102 - 1082 MA Amsterdam - Países Baixos DATA DA REVISÃO DO TEXTO: 04/2022 Medicamento sujeito a receita médica restrita de utilização reservada a certos meios especializados. Comparticipado a 100% pela Portaria nº 330/2016, de 20 de dezembro, na sua redação atual. Para mais informações deverá contactar o representante local do titular da autorização de introdução no mercado. *MAVENCLAD® proporciona e mantém o controlo da doença durante 4 nos com um máximo de 20 dias de tratamento oral nos primeiros 2 anos.
MAVENCLAD® é um pró-fármaco ativado por quinases específicas e desativado por fosfatases específicas, tornando-se ativo dentro das células após fosforilação15
A forma ativa de MAVENCLAD® acumula-se preferencialmente nos linfócitos B e T pela sua maior proporção de quinase/fosfatase, em comparação com outras células9,16
A cladribina fosforilada interfere na síntese e reparação do DNA ao incorporar-se na sua estrutura e inibir as enzimas do metabolismo celular, levando a quebras nas cadeias de DNA e, consequentemente, à apoptose9
MAVENCLAD® funciona como uma terapia de reconstituição imunológica por promover a repopulação após depleção linfocitária10,15. As contagens celulares de linfócitos B e T voltam ao normal dentro de meses, não afetando significativamente a imunidade inata10,13-15
Doença ativa
Depleção linfocitária
Reconstituição
Produzem anticorpos que levam a dano estrutural na bainha de mielina e apresentam antigénios que ativam os linfócitos T1,2
Doença ativa
Depleção linfocitária
Reconstituição
Maioritariamente com função pró-inflamatória na doença3
Doença ativa
Depleção linfocitária
Reconstituição
Contribuem para a inflamação e dano do SNC3
Characterization of Peripheral Immune Cell Dynamics and Repopulation Patterns in the First 12 Months of Cladribine Tablets Treatment:
MAGNIFY-MS Study
H. Wiendl, K. Schmierer, S. Hodgkinson et al. Apresentação realizada no AAN 2021 Virtual Congress (17 a 22 de abril)
(análise primária provisória)
A redução pronunciada nos linfócitos B, especialmente os linfócitos B de memória nos 2 primeiros meses de tratamento com MAVENCLAD®, parece contribuir para o rápido início de ação.
A depleção sustentada de linfócitos B de memória e a depleção moderada de linfócitos T, podem contribuir para o efeito a longo prazo de MAVENCLAD®.
A rápida recuperação de linfócitos B naïves funcionais poderá contribuir para uma resposta imunitária normal a vacinas com produção de níveis normais de anticorpos.